Recomendações da equipa docente


Foi dado o seguinte problema na 2ª frequência da cadeira de Mecânica dos Meios Contínuos (Engenharia Civil, 2º ano) do ano letivo de 2010-11:

Considere uma barra cilíndrica de comprimento 1.5 m e de diâmetro 2 cm. Sob efeito de uma força de distensão, o comprimento da barra aumenta 0.2mm e o diâmetro diminui 0.5μm. Determine o valor do coeficiente de Poisson da substância da qual a barra é feita.

Para resolver este problema basta saber o significado do coeficiente de Poisson, o qual é um dos conceitos mais básicos da teoria de elasticidade: é a razão entre as variações relativas dos tamanhos transversal e axial. A conta é (0.5μm / 2cm) / (0.2mm / 1.5m) e a resposta é 0.1875.

No entanto, dos 80 alunos apenas 5 deram a resposta correta. 35 alunos não deram nenhuma resposta, 35 escreveram números errados, 5 escreveram fórmulas diferentes que envolvem o coeficiente de Poisson mas não deram a resposta correta.

É óbvio que alguns alunos simplesmente não estudaram. Mas daqueles que estudaram, houve muitos que mesmo assim não conseguiram responder corretamente. Nomeadamente, dos 35 alunos que escreveram números errados, 11 alunos escreveram o valor 0.5 ou muito próximo. 0.5 é o valor máximo do coeficiente de Poisson sobre o conjunto de todos os meios elásticos; tem significado por si, mas é totalmente irrelevante neste problema. O mesmo se aplica às fórmulas escritas pelos 5 alunos: têm significado, mas são irrelevantes. Ou seja, 20% dos alunos estudaram e sabem alguma coisa sobre o coeficiente de Poisson – só que não sabem o que este coeficiente é.

Estes resultados revelam um problema generalizado: muitos alunos baseiam o seu estudo na resolução de problemas típicos, retirados de compilações “não oficiais” de frequências dos últimos anos que circulam entre os alunos. É importante notar que estas compilações não foram fornecidas pelos docentes; de facto os docentes consideram que utilizar esse material como a principal ferramenta de estudo é prejudicial (e os resultados estão à vista). Uma das várias obrigações dos docentes é testar toda a matéria do programa e não replicar os exames que tenham sido dados nos últimos anos.

Tudo o que é dado nas aulas, e em 1º lugar, nas aulas teóricas, é importante, pode sair nas frequências, e não pode ser excluído do estudo. Relembramos que a matéria da cadeira é distribuída por três frequências precisamente para limitar o volume de matéria a ser testada numa frequência.

Gostaríamos que este texto ajudasse a motivar uma mudança de atitude por parte dos alunos no sentido de estudar a matéria dada e não somente aquela que saiu nas provas dos últimos anos. Sem essa mudança de atitude os resultados, muito provavelmente, não serão diferentes.

Nos últimos anos, o número de alunos que usam o horário de atendimento dos docentes foi extremamente reduzido; mais um fator que contribui para o insucesso escolar. Estamos, como sempre, disponíveis para esclarecer dúvidas.